A influenciadora revelou que "ficavam falando que meu lugar não era lá porque eu não era padrão e não me adequava ao perfil das meninas"Porto Velho, RO - A vencedora do Baile da Rainha da 41° Exposição Agropecuária, Comercial e Industrial de Ji-Paraná (Expojipa), Ana Kelle de Jesus, usou as redes sociais para denunciar a ocorrência de ataques racistas após a sua coroação.
Ao g1, Ana explicou que desde o início da seleção, recebeu críticas sobre seu cabelo e sobre sua participação no concurso, com pessoas questionando sua presença e afirmando que ela não se encaixava no perfil das outras candidatas.
De acordo com os comentários, a jovem, de 22 anos, não era merecedora em participar da seleção por ela ser mulher negra e estar participando de um concurso direcionado a candidatas brancas, que seguem um determinado 'padrão':
"Assim que eu passei na seletiva, falaram que eu só passei porque eu não estava com meu cabelo natural. Ficava falando do porquê eu estava lá [concurso], que meu lugar não era lá porque eu não era padrão e não me adequava ao perfil das meninas", conta.
Ela também mencionou que a maioria dos comentários ofensivos e racistas que escutou, foram feitos de maneira indireta, e principalmente, por outras mulheres. Após sua coroação, a influenciadora recebeu uma mensagem de texto na sua rede social, onde uma pessoa a chama de 'macaca feia'.
Vencedora do baile da rainha da Expojipa é vítima de racismo — Foto: Reprodução
Segundo a influenciadora, durante o processo de seleção, ela optou por não reagir aos ataques para manter seu foco no desempenho no concurso. Ela também destacou que manteve contato com os organizadores do evento e recebeu apoio para seguir participando do concurso.
Ela relata ainda que, após expor a situação em suas redes sociais, recebeu diversos relatos de outras mulheres que compartilharam experiências semelhantes à sua. O que a incentivou ainda mais a prosseguir com a denúncia.
A jovem é órfã de pai e mãe e é natural do Acre. Ela mudou-se para Rondônia quando tinha 9 anos e explicou que não tem outra família na cidade além de seu irmão de 21 anos. Além disso, ela revelou que não está compartilhando sua história para se fazer de vítima, mas sim para inspirar outras mulheres a não enfrentarem essas situações sozinhas.
"Tenho orgulho da minha trajetória", disse.
Fonte: G1
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