Comboio de tanques, artilharia, veículos armados e outros equipamentos de logística é visto a 64 km de Kiev
PORTO VELHO, RO - O prédio do governo regional da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, foi atingido por um míssil durante a madrugada, no sexto dia da invasão russa no país. Pelo menos 10 pessoas morreram e 35 ficaram feridas de acordo com o assessor do Ministério do Interior, Anton Herashchenko.
A cidade de Kharkiv está sob cerco intenso desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão contra a Ucrânia.
Também há sinais de um ataque maciço à capital do país, Kiev, que continua cercada há vários dias. Imagens de satélite registraram, na noite de segunda-feira, um comboio de veículos militares de cerca de 64 km de extensão em direção à cidade. Segundo a empresa Maxar, responsável pela imagem, podem ser vistos tanques, artilharia, veículos armados e outros equipamentos de logística. De acordo com a "CNN", a fila se estende da área ao redor do aeroporto de Antonov (a cerca de 25km do centro de Kiev), ao sul, até Prybirsk, ao norte.
Na manhã desta terça-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky classificou os ataques a kharkiv como "terrorismo de Estado".
"Lançar um míssil na praça central de Kharkiv é uma verdadeira ação terrorista. Assim, a Rússia se tornou um Estado terrorista e peço que todos reconheçam isso. Ninguém vai perdoar isso, ninguém vai esquecer", disse Zelensky em uma mensagem em vídeo.

Já o Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu que a comunidade internacional adote mais sanções contra a Rússia, por conta do ataque "bárbaro" à cidade. "Mísseis russos bárbaros atingiram a Praça da Liberdade e bairros residenciais de Kharkiv. O mundo pode e deve fazer mais. Aumente a pressão. Isole a Rússia totalmente", escreveu Kuleba, em uma rede social.
Josep Borrel, chefe de política externa da União Europeia, por sua vez, afirmou que o bombardeio russo em Kharkiv viola as "leis da guerra".
Essa é a segunda vez que Kharkiv é alvo de um grande ataque russo desde o início da guerra, mas, até o momento, a cidade, com mais de 1,5 milhão de habitantes, permanece nas mãos dos ucranianos.
Várias cidades sob ataque
Durante a madrugada, várias cidades sofreram ofensivas russas. No Leste do país, tropas de Moscou atacaram Mariupol e Volnovakha, localizadas entre o território controlado pelos rebeldes separatistas e a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Enquanto a cidade estratégica de Mariupol ficou sem energia elétrica, Volnovakha, de 20 mil habitantes, ficou praticamente "destruída", de acordo com o governador da região, Pavlo Kirilenko.
"As duas cidades estão sob pressão do inimigo, mas estão resistindo. Em Mariupol, as linhas de energia foram cortadas e a cidade está sem eletricidade", escreveu o governador no Facebook. "Mariupol e Volnovakha são nossas".
Mariupol é um porto estratégico onde vivem quase meio milhão de pessoas. A cidade foi cenário de um conflito em 2014, quando foi ocupada pelos separatistas pró-Rússia e depois retomada pelas forças ucranianas.
Após o ataque, o comandante das forças separatistas do território pró-Rússia de Donestk, Eduard Basurin, anunciou que que Mariupol "será completamente cercada" nesta terça-feira. Segundo ele, as tropas permitirão que os civis deixem a cidade por "dois corredores humanitários" abertos até quarta-feira.
O Exército russo também se aproxima da cidade de Kherson, no Sul do país, declarou na madrugada desta terça-feira o prefeito Igor Kolikhayev. Nas redes sociais, vídeos mostram as forças russas entrando na cidade, de 290 mil habitantes, que fica ao norte da Península da Crimeia.
A partir deste território, anexado por Moscou em 2014, as tropas russas avançaram em território ucraniano e, durante o fim de semana, tomaram o controle de Berdiansk, no Mar de Azov, e cercaram Kherson.
"O Exército da Rússia está instalando pontos de controle nas entradas de Kherson. É difícil dizer como a situação vai evoluir", afirmou o prefeito em sua página no Facebook.
Apesar da ofensiva, no entanto, até agora o Exército russo não tomou nenhuma grande cidade ucraniana. Para proteger a capital, Zelensky anunciou um novo plano de defesa, que inclui a nomeação de um novo general para fazer a estratégia militar e o prefeito, Vitalii Klitschko, para organizar a parte civil e de voluntários. O mandatário afirmou que defender Kiev "é prioridade", já que a queda da capital significaria uma grande chance de vitória dos russos na guerra.
Um dos assessores do presidente disse nesta terça-feira que a Rússia está deliberadamente bombardeando áreas residenciais e infraestrutura civil.
— A Rússia está bombardeando ativamente os centros das cidades, lançando mísseis e ataques de artilharia em áreas residenciais e locais de administração — disse Mykhailo Podolyak. — O objetivo da Rússia é claro, pânico em massa, baixas civis e infraestrutura danificada. A Ucrânia está lutando com honra.
Apesar dos apelos internacionais, o ministro russo da Defesa, Sergey Shoigu, afirmou que a "ofensiva irá até que todos os objetivos sejam atingidos". A mídia ucraniana afrmou nesta terça-feira que tropas da Bielorrússia atravessaram a fronteira, mas o governo de Minsk negou a informação.
Fonte: O Globo
0 Comentários