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TCU investiga deputado do PL por empregar mulher e 3 parentes

TCU investiga deputado do PL por empregar mulher e 3 parentes

 

Deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) - Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Porto Velho, RO - Na Brasília das portas pesadas e corredores silenciosos, onde o poder costuma andar de terno engomado e expressão grave, um gabinete chamou atenção por outro detalhe: laços afetivos. O portal Metrópoles revelou que o gabinete do deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) teria como assessores pessoas ligadas por relações de namoro, união estável e parentesco entre si.

Um novelo de relações pessoais que desemboca no mesmo lugar: a folha de pagamento do gabinete parlamentar.

Segundo o levantamento, ocupam funções de assessores parlamentares:

-Luy Ferreira Sobral — salário bruto de R$ 18.719,88
-Gabriela Aparecida Lima de Oliveira — salário bruto de R$ 16.587,50
-Naara Star de Oliveira Souza Dias — salário bruto de R$ 8.772,24
-Elizabeth Dias de Oliveira — salário bruto de R$ 18.719,88

portal Metropóles apontou que há vínculos pessoais entre eles: namoro, união estável, irmãs, cunhadas. Relações que, numa cidade pequena, talvez fossem apenas coincidência. Mas em plena Câmara dos Deputados, despertam questionamentos — e não daqueles que se calam facilmente.


Quando o público se mistura com o pessoal

O parlamentar nega irregularidades. Na Câmara, é permitido contratar comissionados sem concurso público — tradição antiga do Parlamento, de quando o papel amarelado das leis mal ecoava nas salas de mármore.

Mas especialistas alertam: embora não seja automaticamente ilegal contratar pessoas conhecidas, a prática pode ser enquadrada como nepotismo cruzado, caso fique comprovado que as contratações servem para beneficiar relações pessoais e não o interesse público.

O velho ditado brasileiro, passado de boca em boca — “a política é feita de gente e de favores” — parece ecoar.


O que diz a lei

O Supremo Tribunal Federal proíbe nepotismo na administração pública, direta ou indireta. Porém, o enquadramento em gabinetes parlamentares é mais complexo: cada caso exige análise para saber se há troca de favores ou benefício pessoal.

Enquanto o debate jurídico se arrasta como procissão em tarde quente, os salários seguem sendo pagos com recursos públicos.


Um retrato do Brasil que insiste em se repetir

Em um país onde professores recebem menos que assessorias de gabinete, e hospitais contam seringas antes de atender pacientes, a notícia cai como pedra na água: provoca ondas.

A reportagem do Metrópoles expõe algo maior que um gabinete — revela uma engrenagem antiga, de laços pessoais mantendo vivo um sistema que se alimenta do silêncio e da falta de questionamento.

Política não é novela, mas nesse capítulo houve romance, família e salários de cinco dígitos.

À moda antiga, o povo continua pagando a conta.

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