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Conflito em área rural de Rondônia acende alerta sobre demarcação de terras

Conflito em área rural de Rondônia acende alerta sobre demarcação de terras

 Operação de desintrusão gera tensão na Serra da Onça; senador Confúcio Moura pede suspensão imediata das ações.

Dois dias após o confronto entre moradores e forças federais na linha 106 Norte, região conhecida como Serra da Onça, o episódio segue gerando forte repercussão política e social em Rondônia. A operação de reintegração de posse (desintrusão), realizada na última terça-feira (28) por equipes da Força Nacional, ICMBio, Ibama e Funai, resultou em tensão e destruição de propriedades, segundo relatos de moradores.

Os produtores da região, situada nas proximidades da BR-429, afirmam possuir títulos de propriedade emitidos pelo Incra há mais de três décadas e contestam as ações de retirada conduzidas pelos órgãos federais. A área integra parte da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, demarcada em 1991 e que se estende por cerca de 1,8 mil hectares entre Guajará-Mirim e municípios vizinhos.

Entidades reagem e questionam demarcação

A Associação dos Pecuaristas de Rondônia (APRON) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (Faperon) divulgaram nota conjunta repudiando a operação. As entidades afirmam que a ação ocorre apesar de um erro técnico reconhecido pela própria Funai, no processo nº 08620.005461/2020-35, referente ao Marco 26 da terra indígena.

Um documento da Diretoria de Proteção Territorial da Funai, de 10 de novembro de 2021, confirma o equívoco na localização do marco, que teria avançado além dos limites legais fixados pelo Decreto nº 275/1991, sobrepondo áreas tituladas pelo Incra. O texto técnico recomenda a realocação do marco e a correção do decreto de homologação.

Repercussão política

A situação provocou reações no meio político. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) manifestou solidariedade às famílias atingidas e defendeu a suspensão imediata da operação em Alvorada do Oeste.

“Recebi a notícia sobre a situação no município e manifesto minha solidariedade aos proprietários rurais que tiveram suas casas queimadas e foram retirados das terras. Essa é uma questão complexa, que exige diálogo e articulação entre diversos órgãos. Os moradores possuem documentos de posse reconhecidos pelo INCRA, mas a área também é reconhecida como reserva indígena.”

O parlamentar afirmou ainda que já iniciou tratativas em Brasília para intermediar uma solução pacífica.

 “Assim como ocorreu em Monte Negro, vou mobilizar as entidades responsáveis para buscar uma solução justa e pacífica”, escreveu o senador em suas redes sociais.

Contexto jurídico

A desintrusão na TI Uru-Eu-Wau-Wau integra as últimas ações determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, que tratou da proteção dos povos indígenas durante a pandemia. Com o encerramento da ADPF neste mês, as operações de retirada foram retomadas em diversas áreas.

Enquanto produtores relatam perdas materiais e insegurança jurídica, os órgãos federais envolvidos afirmam que a desintrusão segue ordens judiciais e visa garantir a integridade dos territórios indígenas e o cumprimento da legislação ambiental.


Fonte: PORTAL DA CIDADE

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