CANA X COMBUSTÍVEL - O lado doce da cana com muito combustível - Impacto Rondônia

CANA X COMBUSTÍVEL - O lado doce da cana com muito combustível

Usina de etanol em Lucas do Rio Verde. Em Mato Grosso destilarias garantem oito mil postos de trabalho, geram energia e produzem açúcar e etanol

Porto Velho, RO - Safra da cana-de-açúcar para produção de açúcar, etanol e DDG, e geração de energia, tem calendário próprio: de abril a março. Tomando-se 2021 por referência e cruzando números consolidados com projeções, Mato Grosso cultivou 202.222 hectares (ha) de canavial e colheu 32,5 milhões de toneladas (t) de milho safrinha.

Com a cana e o milho a indústria sucroalcooleira e de bioenergia despeja anualmente no mercado nacional 4,13 milhões de m³ ou 4,13 bilhões de litros de etanol. Mais: o setor comemora a ampliação da produção da maior usina brasileira produtora de etanol de milho, instalada em Sorriso.

O Sindicato das Indústrias de Bioenergia do Estado de Mato Grosso (Sindalcool) representa o segmento agroindustrial mais consolidado na economia mato-grossense formado por 14 usinas instaladas em Barra do Bugres, Alto Taquari, Sorriso, Campo Novo do Parecis, Lucas do Rio Verde, Nova Olímpia, São José do Rio Claro, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Campos de Júlio, Nova Mutum, Nova Marilândia e Sinop.

Essas usinas produzem açúcar, etanol anidro, etanol hidratado e DDG, e geram energia. Além dessas unidades, em Sorriso funciona uma pequena usina do empresário Dilceu Rossato, que produz etanol e DDG, basicamente para consumo de seu grupo empresarial e sem sindicalização.

A produção global do etanol das indústrias ligadas ao Sindalcool alcançará 4,13 bilhões de litros no ano-base de 2021 sendo 1,07 bilhão de etanol anidro e 3,07 bilhões de etanol hidratado. As usinas respondem por 450 mil toneladas de açúcar para as gôndolas dos supermercados em Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Pará e Acre, além de exportarem para o Peru e a vizinha Bolívia.

A produção prevista de DDG é de 2,02 milhões de toneladas. Essa sigla é conhecida nos meios rurais e nas usinas de etanol, mas ainda estranha fora desses ambientes. Em inglês DDG é o rótulo de dry distillers grains, que em tradução livre significa grãos secos por destilação.

Trata-se de produto extraído do processamento do milho para obtenção do etanol, e que pode ser incorporado à ração animal, sobretudo para bovinos. Para cada tonelada de milho processada são produzidos, em média, 300 kg de DDG, 430 litros de etanol e 15 litros de óleo.

A cogeração de energia elétrica a partir de componentes extraídos da matéria-prima para a produção do etanol não pode ser vista como atividade secundária. A planta da Usina de Etanol de Milho FS – a maior do gênero no Brasil - inaugurada em outubro no município de Sorriso pela ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o então governador em exercício, Otaviano Pivetta, tem capacidade de geração de 190 MWh.

Em Barra do Bugres, a Usina Barralcool gera 100 MWh, que segundo a geradora, é suficiente para o consumo residencial numa cidade com 200 mil habitantes.

O Sindalcool não revela números sobre energia, em razão do aumento de produção com a recente entrada em operação da FS em Sorriso, mas no começo de 2022 a previsão deverá ser consolidada e se tornará pública.

O setor ainda está longe dos primeiros lugares entre os estados produtores de açúcar, que são ocupados por São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, respectivamente, mas dá show na produção de etanol de cana e, principalmente, de milho, do qual é líder e essa supremacia tende a aumentar com o projeto da FS para botar em operação uma planta em Primavera do Leste, com capacidade para 585 milhões de litros de etanol de milho em 2023 ou até mesmo no final de 2022.

O leque da atividade gera oito mil empregos diretos, segundo a diretora-executiva do Sindalcool, Lhais Sparvoli. Esse número é expressivo levando-se em conta a população mato-grossense, mas há algumas décadas o corte da cana empregava muito mais, porém o emprego massificado da colheita mecânica o reduziu sensivelmente. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Mato Grosso colhe manualmente 6,4% dos canaviais. Esse corte manual é feito em áreas de topografias acidentadas que não permitem a utilização de máquinas.

O emprego da mão de obra manual, o chamado boia-fria, acontecia antes mesmo da Usina Barralcool, em Barra do Bugres entrar em operação em setembro de 1980, com incentivos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool).

Em Jaciara, na então usina do mesmo nome, o corte da cana era feito basicamente por boias-frias contratados no Norte de Minas, Alagoas, Bahia e Pernambuco. São Pedro da Cipa, distante cinco quilômetros de Jaciara transformou-se em cidade dormitório daqueles trabalhadores.

Com a construção da Barralcool e em seguida da Usinas Itamarati, do empresário Olacyr de Moraes, em Nova Olímpia, o então distrito e agora cidade de Denise repetia o que acontecia em São Pedro da Cipa e influenciou na formação população daquele município com nove mil habitantes, que é uma espécie de bolsão nordestino em Mato Grosso.

A Barralcool juntamente com a Itamarati e a Libra (em São José do Rio Claro) abriram espaço para Mato Grosso na produção de álcool combustível, mas tarde rebatizado etanol. Em Campos de Júlio, no Chapadão do Parecis, na safra 2012 a Usina Usimat foi a pioneira nacional da fabricação de etanol de milho.

BARRALCOOL

O Grupo Barralcool deu o pontapé para Mato Grosso alcançar o volume ora produzido de açúcar e etanol. Essa usina foi um projeto idealizado e executado por um grupo de empresários de Barra do Bugres liderado por Agostinho Sansão, Renê Barbour, João Petroni e outros.


Fonte: Eduardo Gomes Da Reportagem
CANA X COMBUSTÍVEL - O lado doce da cana com muito combustível CANA X COMBUSTÍVEL - O lado doce da cana com muito combustível Reviewed by DA REDAÇÃO on janeiro 14, 2022 Rating: 5

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